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"O coração que se ganha é o que se dá em troca"Marcelino Freire



domingo, 25 de agosto de 2013

Encontro com Fernando Arrabal




Fotos: Denis Akel

Há algum tempo, publiquei aqui um texto sobre a participação do escritor Ignácio de Loyola Brandão na X Bienal do Livro do Ceará, no ano passado (2012). Na ocasião, foi apresentada uma prévia do espetáculo teatral Não Verás País Nenhum, inspirado na obra homônima do escritor. A íntegra da apresentação, conforme escrevi lá, seria dia 7 de dezembro, no Centro Cultural Dragão do Mar. O ritmo da encenação foi tão cativante, que fiquei até o final da prévia, e já disposto a ir conferir a peça completa.

Passaram-se dias. Terminou a Bienal, o mês de novembro, e chegou então a noite do dia 6 de dezembro. Estava tão certo de que a apresentação seria no dia 7, que desde aquele dia não chequei mais a data. Nesta noite, porém, de última hora fui confirmar a hora e então veio o inesperado: a apresentação tinha ocorrido neste dia, 6 de dezembro! Eu me equivocara na data, anotara errado, ou vai ver eles próprios divulgaram errado no dia da prévia. De uma maneira ou de outra, já havia perdido. Porém, nem tudo estava perdido, ou melhor, eu estava prestes a ver algo que transformaria essa aparente perda em um significativo ganho.

No site do Dragão do Mar, bem abaixo das informações referentes ao espetáculo, havia um outro evento que me chamou imediatamente a atenção assim que li um nome: Arrabal. O nome me era familiar, era um escritor espanhol. Tinha um livro dele, comprado há tempos, um romance que trazia uma partida de xadrez como pano de fundo. Um livro que já me conquistou desde a capa, com um ar surreal e instigante. Arrabal estava vindo à Fortaleza. Estava aí uma bela oportunidade que eu não poderia deixar passar.

Minha única referência de Arrabal até então

Refeito pelo ganho desta palestra, apesar da perda do espetáculo, fui no dia seguinte, com meu irmão, Diego Akel, ao Centro Cultural. O encontro com Arrabal estava marcado para as 19h, mas só conseguimos chegar um pouco depois, temendo já ter começado. Felizmente, esse tipo de evento nunca começa na hora marcada, ou por imprevistos, ou por atrasos ou mesmo por ser simplesmente de praxe começar um pouco além da hora. No anfiteatro, já passando das 19:15, algumas pessoas já se achavam sentadas, e nós nos juntamos a elas.

O fluxo de pessoas continuou constante, e já por volta das 19:30, um público considerável já se fazia presente nas fileiras de cadeiras. Eram tipos bem característicos, expressivos, nitidamente pessoas de alguma maneira ligadas às artes cênicas. Comunicativas, falavam, conversavam e gesticulavam entre si o tempo todo. No palco, sob uma indireta luz avermelhada, havia duas poltronas de madeira, elegantemente dispostas. No centro, uma mesinha também de madeira, sobre a qual estava uma jarra d'agua vazia. Instantes depois, ela foi levada e em seguida recolocada, cheia, na mesinha, agora juntamente com uma garrafa de vinho, que imaginei ser talvez uma exigência ou luxo de Arrabal. Em seguida, foi colocada lá ainda uma outra bebida, num copinho plástico. Parecia ser uma espécie de coquetel, mas esta, como eu veria depois, não seria para Arrabal.


Alguns minutos depois, teve início a palestra. Em um primeiro momento, uma das organizadoras explicou em breves palavras um pouco do projeto Memória Viva da Cultura e das Artes, que tornou possível a vinda de Arrabal ao Ceará. A garrafa de vinho foi aberta, e as duas taças servidas, na mesinha. Surgiu então, da lateral do palco, Fernando Arrabal. Eu nunca o havia visto antes, exceto pela foto de divulgação deste evento, então não pude conter o misto de susto e surpresa.

Imagem de divulgação da palestra

Arrabal trajava uma roupa meio oriental, preta, que parecia um quimono, com detalhes dourados, num visual único e característico – na verdade, também me lembrou de alguma maneira o tradicional fardão usado pelos membros da Academia Brasileira de Letras. No rosto, dois óculos; um simples e comum, outro verde, na altura da testa, que reluzia amplamente as luzes do palco. Ainda não sabia, mas este curioso segundo óculos era como uma marca registrada de Arrabal. O intelectual logo bebericou um gole do vinho e postou-se de pé ao lado de uma das cadeiras. Duas outras pessoas, ligadas à UFC, que viabilizou a vinda de Arrabal, falaram brevemente, agradecendo o momento e a presença de todos.



Também surgiu no palco Wilson Coelho, amigo de Arrabal, que seria o mediador da conversa. Antes de mais nada, ele introduziu a si mesmo, falando de sua formação em filosofia, área na qual lecionava, e de como começou sua amizade com o intelectual espanhol. Falou ainda um pouco sobre o que consistiria esse debate com Arrabal, dizendo que ele teria a missão de apresentá-lo ao país como cineasta. Em seguida, mencionou o grau de multiplicidade que há em Arrabal, uma vez que foi amigo de grandes nomes das artes, como Beckett, Duchamp, Warhol, Picasso e Jodorowsky.



Após toda essa introdução, enfim o espanhol foi agraciado com o microfone, mas nos surpreendeu ficando em silêncio. Pelo caminhar da cena, parecia que falar seria a última coisa que ele iria fazer. Arrabal fez vários estranhos movimentos, uma curiosa performance, meio que procurando o que dizer e não encontrando. O público ficou em um misto de graça e surpresa, como se já esperasse aquilo de alguém tão excêntrico.

Inicialmente, Arrabal falou sobre os ditos avatares, os arquétipos das pessoas de hoje, das listas que geralmente eclodem pela mídia, com os mais ricos, mais poderosos etc, em oposição às de ontem, que era o foco do encontro, intitulado "Um sobrevivente dos avatares da modernidade". As pessoas mais poderosas do mundo, por exemplo, são lideradas por Obama, algo que não se pode discutir. Mas e em listas de pessoas influentes e afins, por que a cultura não figura? Como se pode medir a real influência das pessoas que figuram nelas? Segundo Arrabal, esta resposta é bastante nebulosa. O que de fato estaria influenciando a vida das pessoas?

O intelectual teve total liberdade para falar, mas foi difícil entendê-lo perfeitamente, dada a ausência de tradutores. Tudo bem que dava para se entender uma palavra ou outra de seu espanhol, mas às vezes a complexidade dos assuntos fazia desaparecer qualquer entendimento. Ainda assim, era incrível como todos pareciam entender tudo, inclusive rindo sempre das piadas deixadas no ar por ele.



O copo que parecia ser de um coquetel ou alguma bebida típica das imediações do Dragão do Mar, era na verdade de Wilson. Como já estava na metade quando foi ali colocado, deduzi que ele já viera tomando aquilo antes dali. Quando começou a conversa com Arrabal, tratou logo de beber o resto do copinho. Wilson também aprovou o vinho e, após beber rapidamente a primeira taça, encheu logo em seguida a segunda. Comecei a imaginar que aquilo não daria certo.

Arrabal, por sua vez, tinha uma postura muito engraçada, fazendo caras e poses, demonstrando jovialidade. Mostrou ainda não gostar de ficar sentado, uma vez que se levantava sempre para falar. Era comum dar pausas breves e silenciosas, e ficar olhando todos, como que aguardando aprovação pelo que tinha dito. Enquanto seguia o debate, me esforcei para registrar o máximo que consegui em meu bloquinho, o que inclusive foi fundamental para escrever este post.



Observando mais um tempo a pose do intelectual, no alto do palco, percebi que seu par de óculos extra, acima da altura dos olhos, dava-lhe uma aspecto quase de super-héroi. O verde agudo e brilhoso refletia fortemente os holofotes do teto do teatro, e sempre que ele mexia a cabeça, me sentia levemente ofuscado.

Na época da palestra, em dezembro passado, fazia poucos dias do falecimento de Oscar Nieymeier. Wilson relembrou do momento no qual Arrabal quis conhecer o arquiteto brasileiro, em certa vez que foi a Porto Alegre. Wilson contou a história em detalhes. O encontro entre os dois rendeu uma crônica e uma cobertura filmada. E ainda dele nasceu um livro, combinando texto de Arrabal e ilustrações de Nieymeier, livro este que até hoje ainda não foi editado, pois seria preciso a assinatura do arquiteto para seguir o projeto. Wilson finalizou reforçando a emoção não só deste momento mas também de estar relembrando-o justo agora com a morte de Nieymeier.

Wilson relembrou em detalhes o encontro entre Fernando Arrabal e Oscar Nieymeier


Um dos outros temas centrais foram as artes cênicas e seus desdobramentos. Segundo Arrabal, os melhores teatros e dramaturgos do mundo estão em Atenas. E eles próprios, atenienses, ironicamente ou não, não se interessam tanto por isso. Wilson ocasionalmente interpretava algumas de suas palavras, complementando ou pontuando, e eu me desdobrava para anotar o que conseguia de relevante.

Fernando Arrabal também deteve-se bastante falando do coletivo pelo qual ficou bem conhecido, o Panic Movement, ou Teatro Pânico, formado por ele, o cineasta Alejandro Jodoroswky e o ilustrador Roland Torpor em 1962, na França. O nome faz referência ao deus grego Pan, e o grupo se focava na performance artística caótica e surreal, aproveitando a época na qual o surrealismo se tornava uma forte vertente.

Quando se deu este encontro, eu ainda mal conhecia Arrabal, apenas do livro que mencionei, mas nada sabia ainda de sua prolífica criação. Por conta disso, tudo o que foi falado sobre o Teatro Pânico me passou meio ao acaso, sem muita identificação. Para escrever esse post, li alguns artigos, confrontando-os com minhas anotações, conseguindo assim, imagino eu, captar um pouco melhor a atmosfera proposta pelo coletivo.

As composições teatrais do movimento seguiam um caminho bem peculiar, planejadas para serem chocantes e provocativas. Ao invés de ficarem limitados a apenas palavras e gestos, o grupo queria algo mais visceral, grotesco, forte. Tudo para aproximar o espetáculo do espectador, e deixar bem explícita a expressividade do trio, servindo quase como um alerta do sofrimento e angústia que os atormentava.

Segundo o próprio Fernando Arrabal, o Teatro Pânico não era um grupo ou movimento, mas uma "maneira de ser", de acordo com uma ideologia que tinha por alicerce a exaltação da moral múltipla. Alguns dos principais diretores teatrais da época, como Victor García, Georges Vitaly e o próprio Jodorowski se entusiasmaram com a necessidade de se fazer um teatro diferente, inquietante, libertador, que aproximasse o espectador. Boa parte desse grupo de diretores achou na obra de Arrabal um ótimo elo com suas ideias. Deve-se ressaltar que essas inquietações não eram exclusivas do Pânico, uma vez que o dramaturgo Antonin Artaud havia elaborado o Manifesto do Teatro da Crueldade, em 1932, no qual já havia a preocupação com um teatro que atingisse o público diretamente, torturante, de maneira quase física, sem distância entre ator e plateia.

Antonin Artaud, precursor dos ideais seguidos pelo Teatro Pânico (Foto: Google)

O Teatro Pânico, trinta anos depois, fez ecoar as ideias de Artaud, e revelou tantos outros olhares similares. Para Arrabal, o héroi pânico seria algo como um desertor, no qual se mesclam paranóia, megalomania, desespero, fetichismo, modéstia, necrofilia etc. As obras de Arrabal foram carregadas dessas sensações, transmitidas de maneira ousada ao espectador, que ao entrar no teatro não podia se sentar onde quisesse, mas onde o ator lhe indicasse. O espectador estava sempre dentro da peça, era parte orgânica do todo, compartilhando desconfortos, torturas e angústias. Assim era o Teatro Pânico: um choque de conflitos e sensações, de dores e condições, de ousadias e expressões, que convidavam o espectador a sentir diretamente tudo isso. Voltando às palavras de Antoni Artaud: “O teatro não poderá tornar a ser ele próprio, ou seja, constituir um meio de ilusão verdadeira, se não fornecer ao espectador modelos verídicos de sonhos, em que seu apetite pelo crime, suas obsessões eróticas, sua selvajaria, suas quimeras, sua noção utópica de vida e das coisas e seu próprio canibalismo transbordem para um plano que não é suposto nem ilusório, mas interior”.


Alexandro Jodorowski, Fernando Arrabal e Roland Torpor, trio principal formador do Teatro Pânico (Foto: Google)

Retomando ao assunto central da postagem, o Teatro Pânico esteve de uma maneira ou de outra, presente em quase todas as colocações de Fernando Arrabal durante sua palestra no Dragão do Mar. Apesar de neste dia eu ter deixado de entender muita coisa, em contrapartida, fiquei livre para outras percepções, como direi mais a frente.

Algum tempo decorrido, iniciou-se um espaço de perguntas ao espanhol. Muitos falavam em português, e eram traduzidos a Arrabal por Wilson, outros mais exibidos se arriscavam no espanhol, muitas vezes em uma pronúncia errante. Arrabal até entendia as perguntas feitas em português, mas não se atrevia muito a falar o idioma. Uma das questões mais ansiadas pelo público era sobre a relação atual de Arrabal com Jodorowsky, que segundo o próprio Arrabal não era nada tão profundo, eles se falam sempre, mas não tanto quanto todos imaginavam. Concluiu ainda dizendo que o considera uma das pessoas mais inteligentes que conheceu. Segundo Wilson, Jodorowsky é mais espiritual, místico, e Arrabal é mais como uma pedrada. Provavelmente por isso sua obra era tão associada à ideia do Teatro Pânico.

Para Arrabal, artistas em geral não defendem a real vertente de suas ideias

Questionado, em espanhol, sobre o porquê dos múltiplos óculos, disse: todos somos ególotras, ou seja, viciados em si mesmo. Essa é minha maneira de ficar mais bonito. Provavelmente essa não tenha sido a resposta que se esperaria ouvir, mas arrancou algumas boas risadas de todos.

Durante alguns momentos, percebi que Wilson parecia meio grogue, talvez pelo efeito do que bebera. Não sei se foi impressão, mas ele demonstrava um ego um pouco elevado, falando muito de si, quase que usando Arrabal como ponte. O público estranhou: estavam ali primeiramente pela presença do intelectual espanhol. A coisa chegou a tal ponto de Wilson querer assumir as respostas, de perguntas feitas a Arrabal. As pessoas se entreolhavam, conversando entre si, visivelmente chateados e enfadados. Um certo mal estar fora criado. Foi demais. O público, já impaciente, reagiu com gritos. Desconsolado, Wilson cedeu, parecia já bem desorientado pelo álcool, uma vez que a essa altura já tinham sido umas três taças, fora o coquetel que ele entrou tomando.



O clima começou a ficar delicado, apesar do ar cômico que pairava na palestra. Era visível que as organizadoras do evento não aprovavam as atitudes de Wilson, que não deixava Arrabal falar. O espanhol, contrito, não se manifestava. Era comum ouvir coisas como "Deixa o Arrabal falar!", vindo de quando em quando do público.

Assim se seguiu a palestra, e nesse momento minha atenção pouco captava o que era dito, mas mais o ambiente em si. Wilson, agora nitidamente embriagado, já se perdia em suas palavras, e misturava e confundia temas e assuntos, mas como citava o nome de Arrabal em cada frase era rapidamente engolido pelo vozerio do público, que só se calava quando o espanhol assumia a palavra.

Me esforcei para entender o máximo possível de suas palavras, e ainda transcrevê-las para o papel, mas bastava uma sentença mais enrolada para que eu me perdesse completamente no assunto, o que invariavelmente acabou desviando minha atenção para outras coisas, como a avidez com que Wilson bebericava o vinho.





O que está influenciando a vida das pessoas? Esta notória pergunta foi claramente ouvida, mas a resposta não. A língua de Arrabal articulou uma dezena de palavras que não consegui entender. Olhei para Diego, a meu lado, mas ele também não entendera. À nossa volta, todo o resto do público parecia ter entendido, e esse foi mais uma daqueles momentos no qual todos entendem, e até riem. Seria possível? Fico pensando quantos fingem entender e rir só para não se sentirem excluídos.

Pois bem, às 21:00, encerrava-se a sessão. Arrabal agradeceu e choveram aplausos sequenciais, inclusive com o público de pé, por minutos, em uma cena de nítido respeito e admiração. Wilson ainda tentou falar alguma coisa nessa hora mas sorveu em meio a salva de palmas. Ele logo desapareceu atrás do palco, achamos até que tinha caído ou algo assim, mas depois reapareceu, bastante trôpego, chegando até a derrubar o microfone, e se comunicando aos gritos com as organizadoras, para lembrá-las de falar da programação do dia seguinte.

As pessoas começaram a deixar a sala, enquanto Arrabal posava para fotos. As organizadoras do evento convidaram o público para se juntar a ele, e boa parte dos que ainda estavam no local subiram ao palco. Dezenas de pessoas se misturaram ao intelectual espanhol, gerando um clima muito descontraído e fraternal. Eu e Diego permanecemos sentados, de onde fiz mais algumas fotos.



Acompanhamos um pouco o clima de descontração presente após a formalidade, com Arrabal recebendo muito cumprimentos, e deixamos a sala. Como não poderia ser diferente, essa palestra ficou bastante tempo em minha cabeça. Independente de eu ter assimilado tudo o que foi debatido, me senti bastante realizado, simplesmente por ter podido assistir àquele momento. Posso dizer até que o que mais me chamou a atenção a princípio, ironicamente, foi o embaraço causado pelo aparente exagero na bebida de Wilson, por uma série de razões: a quebra do protocolo, da formalidade, que de repente se instalou no palco, as pessoas comentando, a organização idem. Nos momentos finais, foi quase como se Arrabal e Wilson estivessem contracenando no palco; o primeiro impassível, não movia um músculo, o segundo cambaleava, tentando manter o controle sobre si mesmo. A interferência do público, em forma de gritos e protestos, se tornou parte desse espetáculo inesperado, e agora vejo que ali acabou se formando algo bem à la Teatro Pânico. Para mim, sem dúvida, esse imprevisto, apesar de rapidamente superado no final, roubou literalmente a cena da palestra.

A interação do público por meio de gritos, e o comportamento de Wilson fizeram ecoar elementos do Teatro Pânico na palestra

Não sou um profundo conhecedor de teatro, como muitos ali pareciam ser (ou queriam aparentar ser), mas a ocasião desta palestra, sobretudo, me incitou a curiosidade de querer saber mais sobre Fernando Arrabal e o tão falado Teatro Pânico, algo que consegui realizar para escrever este texto. Uma das coisas mais bacanas que percebi no intelectual espanhol, é que ele está sempre revolucionando, sempre se perguntando e questionando o que é dito como verdade. Conversei bastante com meu irmão, nos dias seguintes, e percebemos que esta questão dos avatares, que é imposta hoje em dia no mundo de maneira quase cega, é duvidosa, principalmente quando se chega aos ditos mais influentes. As listas que buscam classificar a ordem de importância ou valor das pessoas, no fundo, são vazias, nada significam. Podemos não ter chegado ao cerne do pensamento exposto por Arrabal, mas vimos que devemos desmistificar conceitos, certezas, expor novas diretrizes de pensamento. Como Wilson disse, já ao final da palestra, é preciso "arrabalizar", ou seja, agir com ímpeto, foco, sem desvios, como uma pedrada. Com toda essa reflexão, não posso deixar de considerar o próprio Fernando Arrabal como um excelente avatar. E numa lista de pessoas mais bonitas, provavelmente ele se sairia bem, pelo menos por conta de seus múltiplos óculos.


A garrafa de vinho, que teve participação decisiva na palestra, não poderia faltar na foto